Manobras arriscadas feitas por um piloto de um avião bimotor, que levantou voo de uma prainha à margem de um braço do rio Tietê, em Araçatuba, levou a Polícia Civil a abrir inquérito para investigar o caso. A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) recebeu denúncia sobre o caso e também abriu investigação.
Vídeos de pelo menos três posições diferentes mostram a decolagem perigosa feita de uma prainha próxima a um condomínio à beira do rio Tietê, no último domingo (30). O avião, que tem prefixo PP-MFK, consta na Anac como sendo de propriedade da empresa Bradesco Leaseng S.A e tendo como operador Rodrigo Maia Jacinto, que seria de fato o dono.
Operador em questão do avião Beechcraft Baron G-58 – fabricado em 2016 e com capacidade para o transporte de 5 pessoas –, que fez manobras arriscadas no último fim de semana, é primo e sócio de Antônio Barbosa Maia, empresário de Araçatuba que, no final de maio deste ano, teve seu nome envolvido em um outro problema envolvendo aeronave.
Na ocasião, um outro avião Beechcraft Baron 95-B55, foi apreendido pela Polícia Federal de São Paulo, na cidade de Biritiba Mirim, suspeito de ter sido usado no transporte de 970 quilos de cocaína localizados em uma chácara. Na ocasião, Antônio Barbosa Maia disse que havia vendido a aeronave e que ela ainda constava como sua propriedade pelo fato de não ter recebido pela transação.
IMPRUDÊNCIAS EM APURAÇÃO
A Polícia Civil de Araçatuba abriu investigação para apurar eventuais imprudências nas manobras arriscadas feitas pelo piloto do avião PP-MFK no último fim de semana. Num dos vídeos que circulam pelas redes sociais, de dentro de uma embarcação, na água, é possível ouvir uma pessoa dizendo que se trata de um “Baron 58”, numa referência ao modelo da aeronave.
Na mesma gravação, a pessoa comemora quando o avião decola e é possível ouvir as seguintes falas: “Nossa… Nossa… Nossa… Meu Deus!. Ele vai vir aqui. Que cara doido, velho”, diz, emendando com uma comemoração quando a aeronave passa sobre uma construção e se estabiliza após manobrar em curva: “Ô, Rodrigo, ‘véio’, louco”.
Em entrevista à TV TEM em Araçatuba, o delegado Getúlio Nardo Filho falou sobre as informações que a polícia tem a respeito do caso e dos vídeos que teve acesso, mostrando as manobras. “No primeiro momento temos um vídeo que iniciaremos as investigações, e já consta o prefixo da aeronave. Através do prefixo da aeronave o seu proprietário será identificado, assim como o piloto. Não estamos afirmando que o proprietário era o piloto no dia da manobra, mas ele terá de indicar quem era”, afirma.
Para o representante da Polícia Civil, as manobras poderiam ter colocado em risco a vida de pessoas que estavam em ranchos à beira do rio ou mesmo acompanhando as manobras do piloto. “É uma falta de bom senso, no mínimo. Uma rajada de vento mais forte ou ele perde o controle da aeronave pode provocar um acidente grave, uma irresponsabilidade muito grande”, disse o delegado à TV TEM.
Além da Polícia Civil, a Anac também já tem conhecimento dos vídeos e recebeu de um funcionário da própria agência um memorando relatando o ocorrido no último fim de semana Ele comunicou que “uma aeronave decola aparentemente de forma negligente e/ou imprudente, iniciando curva de grande inclinação antes de ganhar altitude, quase tocando a água e passando próximo a pessoas, embarcações e construções, expondo a risco excessivo a aeronave, coisas e pessoas à bordo e em solo, relata a TV TEM e o site G1.
Em resposta a questionamento feito pela emissora, a agência disse: "Em decorrência dos fatos ocorridos, a Anac instaurou um processo administrativo para verificar se houve descumprimento às normas de aviação civil. No momento, não é possível indicar quais são as penalidades cabíveis no caso. Esta será feita após conclusão da apuração”.
Nesta quarta-feira (03), foi identificado o dono do segundo avião aparece apenas pousando na prainha próxima ao condomínio de ranchos. Trata-se de José Thiago Canovas Borges, proprietário de uma aeronave Cessna Aircraft, fabricada em 1973.