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O vereador Carlinhos Santana (Solidariedade) deixou colegas parlamentares e pessoas que acompanhavam a sessão da Câmara de Araçatuba, nesta segunda-feira (18), de pernas bambas ao sacar dois simulacros de arma de fogo quando usava a tribuna da Casa. Ele usou seu espaço no pequeno expediente para alertar a sociedade sobre a facilidade com que as pessoas estão morrendo em crimes que poderiam ser evitados com trabalhos de conscientização.
Carlinhos, que é escrivão da Delegacia Seccional de Araçatuba, iniciou sua fala destacando três homicídios recentes registrados em Araçatuba e falando sobre o massacre em uma escola de Suzano, ondem dois jovens se mataram após, covardemente, assassinarem outras oito pessoas por motivos relacionados à cultura do ódio.
Com autorização da presidência da Casa, Carlinhos apresentou os simulacros de pistola para alertar as pessoas que assistiam à sessão do auditório da Câmara, pela televisão ou internet, para alertar sobre a maneira fácil como muita gente tem buscado resolver conflitos da sociedade em que vive. E também para mostrar como armas, simulares e outros tipos de artefatos que podem tirar a vida de uma pessoa são comprados facilmente pela internet.
“As coisas estão caminhando para outro rumo e a própria população está na área de conflito, em situação adversa, perdendo um pouco da base da estrutura de família, de religião, de espiritualidade. Nessas brigas, por motivos diversos, políticos, as pessoas estão perdendo amor à vida, família, profissão, amizade, em tudo”, disse o vereador. “E as pessoas hoje procuram a forma mais fácil de resolver os problemas, tirando a vida do próximo”.
Carlinhos reforçou o papel da internet na degradação da sociedade. “As pessoas ficam nas redes sociais prejudicando a vida dos outros, complicando a vida de um pai de família. Quando você direciona ofensa a uma pessoa, você direciona à família”, afirma. “A pessoa hoje perdeu o respeito à própria vida. Se distanciou da religião e de Deus para estar aí criando grupos de pessoas para fazer conflito e desestabilizar a sociedade”
Sobre os simulacros mostrados, situação que pegou a maioria dos colegas de surpresa no plenário da Câmara, Carlinhos fez o alerta sobre a dificuldade de distinção dos mesmos para com armas verdadeiras. “Quem vai adivinha que isso é um simulacro, uma arma de brinquedo? Com isso aqui, você entra em qualquer local e deixa qualquer pessoa impotente”, disse.
Ele também questionou a vantagem de se manter armentos em casa. “O bandido chega preparado já, com a arma em punho. Pra quê você quer arma? Ah! Porque o presidente disse que todo mundo tem que andar armado agora, Depende. Você está preparado?”, indaga o vereador que também é policial. “Quero ver quem de vocês, quando encontra alguém com um simulacro desse na rua falando: ‘perdeu, perdeu’. Sabe lidar com a situação. Entrega até a cueca”.
Carlinhos foi bem incisivo ao falar sobre o fato de a maioria das pessoas não terem prepara para o manuseio de armamento de fogo. “Arma não é brinquedo. Mas as pessoas precisam ter preparo. Porque se não tiver preparo, você precisa ter pelo menos quatro amigos, porque caixão de defunto tem seis alças e pesa para quatro, hein. Pesa!”, disse, referindo-se ao risco de morte iminente que uma pessoa enfrenta lidar com armas sem ter habilidades para isso.
PROIBIÇÃO EM PLENÁRIO
A presidente da Câmara de Araçatuba, Tieza (PSDB), ao falar que o colega Carlinhos era policial e que estava autorizado a fazer a exposição na tribuna da Casa, tentou reforçar que o regimento interno do Legislativo proíbe qualquer pessoa, desde que não seja policial em atividade, é proibida de circular pelo local portando armamento.
A parlamentar acabou sendo confrontada por vereadores que são policiais. O investigador Antônio Edwaldo Dunga Costa (DEM), que é investigador da reserva, disse que três vereadores são policiais e que estavam armados na sessão, referindo-se a ele, ao próprio Carlinhos e ao delegado aposentado Jaime José da Silva (PTB).
Tieza chegou a dizer que conversaria num outro momento com os colegas, para que ninguém participasse das sessões da Câmara armados. Mesmo lendo artigo do regimento que proíbe tal prática, ela foi rebatida pelo delegado Jaime, que disse que os policiais são amparados por legislação federal que se sobrepõe a qualquer medida municipal.