O engenheiro elétrico Rawgleison Batista Amaral, 32 anos, de Birigui, é um dos sobreviventes da tragédia que atingiu Brumadinho, em Minas Gerais, nesta sexta-feira (25). Ele é formado pelo Centro Universitário Unitoledo, de Araçatuba, e prestava serviços a uma empresa terceirizada da mineradora Vale, quando aconteceu o rompimento da barragem de rejeitos de minério de ferro que, até por volta das 20h deste sábado (26) já tinha resultado na morte de 34 pessoas.
Rawgleison relata, em vídeos, que ele e demais colegas de trabalho tinham acabado de almoçar e descansavam em um local próximo a um refeitório, quando começou a ouvir barulhos decorrentes do rompimento da barragem. Ele fazia a instalação de um sistema de sinalização num cruzamento do ramal ferroviário usado para o transporte de minérios.
“Tínhamos ido almoçar e estávamos no refeitório. Estávamos na parte de fora do refeitório, onde tem umas cadeiras. Quando começou o barulho, um chiado muito grande. Quando olhei um grupo alguém disse: a barragem estourou”, diz o engenheiro numa das gravações.
Ele afirma que não conseguiria escapar com vida da avalanche de lama se não tivesse a ajuda de um motorista que passou com uma caminhonete ao seu lado e parou para prestar socorro. “A única coisa que pensa é correr. Corri Bastante. Não ia conseguir, a lama ia me pegar. Graças a Deus passou uma caminhonete do meu lado. A gente gritou e o cara parou. O cara foi um anjo. Eu pulei na caçamba da caminhonete e o cara arrancou por uns 300 metros e ele parou de novo. ‘Choveu’ mais de 15 pessoas na caminhonete. Ele acelerou e foi para uma área mais alta”, conta.
Rawgleison diz que ficou num local ilhado com outras pessoas, até o grupo ser localizado pelos bombeiros. Funcionários da mineradora Vale teriam usado maquinários para abrir caminho por uma mata por onde o engenheiro diz ter conseguido sair e chegar a uma tenda da mineradora usada para receber vítimas da tragédia.
Ele diz que a primeira coisa que fez ao chegar nessa área mais afastada foi comunicar a minha família, que mora em Birigui, que estava bem. “Família, foi por muito pouco. Muita gente que estava comigo morreu, não conseguiram fugir a tempo. Deus me abençoou. Deus me mandou um anjo, uma caminhonete passou por mim, parou. Eu pulei na caçamba na hora. Foi um momento difícil. Eu correndo, vi árvore vindo, carro vindo, destruiu prédios, o restaurante que eu estava. Eu não estava conseguindo correr o suficiente. [A lama] iria me pegar. Se eu não pulasse na caminhonete eu não teria conseguido. Glória a Deus, Deus me abençoou demais. Mais essa, Deus me livrou da morte e foi muito bom para a minha vida", relata o engenheiro.
Numa das mensagens, o profissional de Birigui diz que viajaria neste sábado de volta para casa, para dar um abraço forte da esposa, demais familiares e no filho do casal.