O deputado Carlos Giannazi (PSOL-SP) não mediu as palavras para criticar a participação do secretário de Estado da Educação de São Paulo, Renato Feder, em um evento com a participação de políticos, em Birigui (SP). O encontro ocorreu, no início do mês, no auditório de uma empresa privada que atua na venda de livros por telemarketing e plataformas de ensino digital e foi organizado pela Prefeitura de Birigui.
O chefe do Executivo Leandro Maffeis (Republicanos) mantém relação próxima com os diretores da editora. As críticas de Giannazi foram proferidas na abertura da sessão do dia 8 de novembro, na Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo). Na opinião do parlamentar, o evento deixou claro um conflito de interesses.
“O que mais nos deixou perplexos é que nesse evento houve a participação do secretário Estadual de Educação, Renato Feder”, disse o deputado enquanto apontava para o telão da Casa de Leis, onde fez questão de exibir o convite do evento, enviado para prefeitos, vice-prefeitos, secretários e diretores de toda a região.
Na ocasião, Feder proferiu palestra sobre os rumos da e desafios da educação pública.
“O que nos chama a atenção é que o secretário Renato Feder é o maior apologista das plataformas digitais, que são compradas pela Secretaria da Educação por valores milionários. Olha só o conflito de interesses”, apontou o deputado
O parlamentar disse que a informação foi levada até ele por um grupo de professores da cidade. Os educadores se mostraram inconformados que o evento tenha sido organizado dentro de uma empresa privada.
“A Prefeitura ao invés de organizar o evento em um espaço público – num ginásio, num Centro de Convenções – da cidade, organizou dentro de uma editora privada”, lamentou Giannazi.
USO DE CELULAR
O deputado seguiu em seu discurso criticando negativamente o uso de plataformas digitais na educação estadual. Ele lembrou ainda do Projeto de Lei que proíbe a utilização de aparelhos celulares por alunos das escolas públicas e privadas do Estado, aprovado por unanimidade pelos deputados, na sessão extraordinária da última terça-feira (12).
O Projeto de Lei, que agora segue para a sanção do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), deverá readequar a lei já existente.
Conforme o texto substitutivo, fica vedado o uso de dispositivos eletrônicos com acesso à internet pelos alunos de unidades escolares do Estado. Os protocolos para armazenamento dos aparelhos deverão ser definidos pela Secretária de Estado da Educação, em parceria com as secretarias de Educação municipais.
A utilização dos dispositivos será permitida, no entanto, em casos em que houver a necessidade pedagógica, para a utilização de conteúdos digitais ou de ferramentas educacionais, além de casos em que haja a necessidade de auxílios tecnológicos por parte de alunos com deficiência.