O mecânico Paulo Alves da Silva, 50 anos, foi condenado a uma pena de 11 anos e 15 dias de prisão pelas mortes de João Bringhel e Jonathan Coelho Rocha, ocorridas em janeiro de 2020, em Nova Independência. O julgamento ocorreu no Fórum Estadual de Andradina. Foram mais de 15 horas de trabalho e a sentença só foi lida por volta das 2h desta quinta-feira (17).
Na época do crime, o mecânico foi apelidado como “Valentão” depois de protagonizar umas das maiores tragédias da cidade. Ele usou uma caminhonete S10 como “arma” para atingir pessoas que participam de uma festa, na calçada de um bar.
O réu também foi julgado pelo atropelamento das 15 pessoas, que tiveram ferimentos de graus variados na época do crime.
No júri presidido pelo juiz Alexandre Rodrigues Ferreira, Silva também foi julgado pelos crimes de embriaguez ao volante e vias de fato.
O corpo de jurados foi composto por três mulheres e quatro homens, escolhidos por sorteio. O promotor da ação foi Carlos Leonardo Martins da Silva, de Araçatuba, que substituiu a promotora titular afastada das atividades presenciais devido a pandemia.
Os trabalhos começaram com mais de uma hora de atraso. Três testemunhas foram ouvidas presencialmente durante o julgamento.
PERDÃO
Ao ser interrogado o mecânico negou qualquer intenção em cometer o crime. Na alegação dele, afirmou ter perdido o controle de direção da caminhonete ao passar por uma valeta.
"Eu bati com o queixo no volante e desmaiei. Só acordei no outro dia quando um policial me perguntou se eu lembrava do que fiz. Quando ele falou que morreram duas pessoas entrei em desespero", relatou o réu.
Silva disse ainda que estava arrependido do ocorrido e pediu perdão aos familiares das vítimas. "Se eu pudesse daria minha própria vida para trazer aquelas pessoas de volta", disse com voz embargada.
Ele ainda enfatizou que dirigia em baixa velocidade e não se considerava embriagado na ocasião. Porém, um laudo apresentado pela promotoria confirmou a embriaguez.
O advogado do mecânico, Dil Gomes, de Andradina, pediu pela absolvição de seu cliente e que os jurados não considerassem as 15 tentativas de homicídios.
IMPUNE
O promotor Carlos Leonardo defendeu que o caso não poderia ficar impune. "Ainda que Paulo seja condenado terá direito de ser visitado por seus familiares. Mas, e os familiares do João Bringel e do Jhonatan? (vítimas fatais)", alegou.
A sentença lida perto das 2h, os advogados e familiares do réu comemoraram. A mãe de Silva que acompanhou os trabalhos ficou emocionada.
O Ministério Público deverá recorrer da sentença e pedir nova condenação.
Imagem: Ubupungá News
A TRAGÉDIA
O atropelamento coletivo causado pelo mecânico chamou atenção de toda a região. O ato de violência teria sido motivado por um desentendimento entre o mecânico e a mulher dele.
Conforme apurado pela polícia na época, o casal estava na festa que acontecia no bar. Além de brigar com a companheira dele e com uma amiga dela, testemunhas disseram que Silva também discutiu com pessoas que estavam no local e tentaram defender as mulheres na briga.
Depois da briga, o mecânico então saiu do comércio e voltou com uma caminhonete em alta velocidade, quando partiu com o veículo na direção das pessoas que estavam do lado de fora do bar.
Depois do atropelamento, populares tentaram agredir Silva, mas foram contidos pela Polícia Militar. O mecânico chegou a ser ferido e foi levado para a Santa Casa de Andradina, onde passou a noite internado sob escolta policial.
Ao deixar o hospital, em audiência de custódia, o juiz na época converteu a prisão dele de flagrante para preventiva e ele permaneceu preso em uma das unidades do sistema prisional, na região.